segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Silêncio.

Nada melhor que o silêncio para ajudar a encontrar o caminho certo...
Reencontrar a linha do pensamento, o caminho das pedras entre as águas caudalosas...
Ouvir de novo vozes antigas, sentir cheiros familiares e ver paisagens amigas...
Risadas, gostos, abraços... E tudo volta a ser como deve.
Em minha volta, mesmo os objetos parecem ter tomado formas e posições harmoniosas.
Não importam os ruídos, as vozes, as palavras sussurradas.

No meio de tudo, eu consigo me escutar.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Estômago.

Ah, eu queria tanto que meu pensamento se estabilizasse e seguisse uma linha...
Tá uma confusão tão grande aqui dentro que eu mal consigo tomar ar. Tudo misturado numas voltas doidas, uma hiperatividade misturada com uma vontade de silêncio exasperante. Pensamentos, sentimentos, estômago... Uma confusão.

E, junto com tudo, a multidão e a solidão.

domingo, 1 de agosto de 2010

183 Days of Sun [ou 6 meses com ele]


Há seis meses, eu estava sem perspectiva alguma na internet, na dúvida se iria ou não para o baile do Dançar faz Bem, no Bixiga... Tinha acabado de conhecer um novo e apaixonante ritmo, o West Coast Swing. Não pretendia fazer o curso, decidi por insistência dos amigos, que encontrara no último baile antes das aulas... WCS era febre no Projeto, e eu e minha turma de amigos do zouk decidimos aprender só para saber dançar o ritmo mais tocado nos bailes.

No primeiro dia, meus amigos e muitas caras novas...Eu, tímida em aprender um ritmo novo, e desajeitada como sempre para pegar os passos, dancei com diferentes perfis de cavalheiros: sérios, sorridentes, antipáticos, amigáveis, convencidos, noobs, experientes...No primeiro olhar que varreu a turma, buscando rostos conhecidos e/ou interessantes, percebi um cara com jeito de ser bem jovem, olhinhos puxados e cabelo bem preto... Não prestei atenção por mais que poucos segundos, e deixei meu olhos passearem pela sala.

Na primeira troca de par em que dancei com o menino dos olhos puxados, ele foi de longe o cavalheiro mais simpático, e um dos poucos que perguntou meu nome e se mostrou receptivo para conversar. No dia seguinte, quando dançamos de novo, ele me perguntou de novo meu nome, e disse que tinha procurado no orkut, mas tinha achado uma Sonayra com uma foto estranha que não tinha certeza que era eu. Haha, era sim.

Enquanto fazia amizade, eu sofria alegremente tentando aprender a dançar em uma turma cheia de veteranos. Lembro de uma vez em que empaquei, e ele chamou a professora para me orientar, e não desistiu nem fez careta de impaciência como muitos outros caras fazem quando a gente erra. Também lembro de outra vez em que ele falou que eu e outra menina muito legal da turma éramos as 'mais comédia', rsrs...

Uma semana de aulas, orkut, Gtalk, MSN... Vimos que tínhamos vários assuntos em comum, e conversávamos quase todo dia, ele não era menos simpático que eu e era até mais brincalhão e amigável. Lembro que a primeira frase que falei para ele no GTalk foi "Oi, dançarino"!

Então veio o fim de semana... Show muito esperado do Skank, minha amiga iria com o namorado e eu, como não queria segurar vela, procurei alguma pessoa online que topasse ir comigo. Haha, algumas tentativas, maioria das pessoas offline, sem pique pra sair ou já tinham programa, então pensei em chamar o novo amigo, sem muitas esperanças, já que amigos mais antigos já tinham furado. Fiquei surpresa quando ele disse que talvez pudesse ir, dei meu telefone, peguei o dele, caso ele fosse. Não foi, mandou uma msg dizendo que não poderia ir, tinha algum trabalho ou coisa assim pra terminar. O show foi ótimo, tirando um cara medonho que ficou dando em cima de mim, e 3 brigas... Ah, nesse dia eu segurei alegremente vela de 2 casais! Aproveitei a noite e curti o show, abraçando minha sina de castiçal feliz.

Depois, pelo MSN, ele brincou: 'Liga não, besta, outro dia tu me agarra ;P"
E eu: "Aaaah, convencido! xP" Apesar de achar sua conversa interessante, eu não estava de fato com intenção de ficar com ele, mas realmente pareceu, chamar pra sair com um casal, estranho... Se eu já estivesse a fim dele, jamais teria tido coragem de chamar pra sair, do jeito que sou amarrada.

Lembro que no dia do baile anterior ao curso, eu tinha acabado de ter minha última desilusão amorosa, e tinha decidido ir para o baile, sem nem saber quem encontraria lá, em vez de ficar em casa murchando. Durante o ano passado, e neste ano, a dança foi para mim fonte inesgotável de alegria, em meio a altos e baixos, que sempre ficavam menos baixos quando eu dançava.

Enfim chegou o 31 de janeiro, O Baile...

Convidei muitas pessoas, entre elas, o menino legal, mas muito ocupado, que se fosse ao baile me daria carona. Lembro que há seis meses, nesse momento, eu estava sozinha com minha irmã, e já tinha certeza que não iria para o baile, quando o menino falou que iria, e que passaria na minha casa em 20 minutos! OMG, corri para o banho, lavei o cabelo, botei um vestido comum e velho, e minhas sapatilhas preferidas (que descansem em paz). Fui ao baile sem um pingo de maquiagem, cabelo molhado, arrumada às pressas, um horror!

Lá chegando, como o tema do baile era samba, não dancei tanto como de costume, mas vez por outra tocava um wcs ou um forró, que dançava com ele, e um ou outro bolero e salsa, que dançava com alguns amigos. Como chegamos tarde, meu ritmo favorito, zouk, já tinha tocado mais cedo, acabei dançando só um, quando pedi à minha melhor amiga na dança para dançar com seu novo namorado, meu outro melhor amigo na dança e antigo parceiro de zouk.

Lembro que passei a maior pare da noite com meu novo amigo, afinal, minha companhia é da pessoa com quem eu vou a qualquer lugar. Ele me ensinou a dançar um forró diferente do que havia aprendido no Projeto, surpreendentemente legal. Quase meia-noite, hora de ir para casa, o baile estava no fim. Minha amiga e mestra, junto com o namorado, precisavam de carona, que eu arranjei prontamente, colocando os dois no carro onde eu já era carona, haha, aprendi isso com ela. Mas, no final do baile, qual não foi a minha surpresa quando ele segurou minha mão e não soltou, indo de mãos dadas comigo para o carro, junto com o casal de amigos que parecia muito menos surpreso que eu.

No momento em que ele segurou minha mão, meu pensamento exato foi: "Ah, meu Deus, não acredito que isso tá acontecendo... lá vamos nós de novo!" Pensamento de quem já tinha passado por desventuras em série, e agora estava se preparando para encarar uma nova, com descrença e bom-humor. Depois disso, fiquei num nível médio de dúvida e expectativa, procurando não pensar no que iria acontecer. Mas, por mais estranho que parecesse, eu estava me sentindo à vontade.

Chegando em casa, conversamos por uns bons minutos dentro do carro, pensamento solto, chaves de casa na mão, prestes a entrar. Quando finalmente decidi que estava tarde para ficar conversando na rua, falei que já ia entrar, e não sei como aconteceu, mas foi o beijo. Novo. Diferente. Profundo. Bom. Depois de um tempo que não lembro, eu realmente tinha que entrar, e ele tinha que ir para casa. Eu estava me sentindo um pouco tímida, agora. Ele perguntou se eu ia fazer outro curso de wcs que iniciaria no dia seguinte, que eu disse que não, por conta do horário, terminava tarde... Ele disse que não tinha problema, que me deixaria em casa, então decidi fazer.

No dia seguinte, sem expectativas, fui pra aula, ele chegou depois. De longe, trocamos um sorriso, e momentos depois, no fim da primeira dança, ele me deu mais um susto, ao me beijar na frente de toda a turma, quando eu não achava que iria ser mais que um simples "Oi!", de volta à amizade normal. Em poucos dias, novamente me surpreendi percebendo o melhor beijo, os mais gostosos abraços...

A partir daí, foram danças, almoços no RU, encontros depois da aula de francês, conversas em inglês, francês e, por último, espanhol. Praias, cinemas, jantares românticos na Gentilândia, noites alegres e dias ensolarados... Risadas, músicas, brincadeiras, ironias dele, caretas minhas, e cada vez eu me encantava mais com esse garoto carinhoso, fofo, tranquilo, maduro, sincero, inteligente, paciente, e lindo de doer, que tantas vezes me abraçou e riu comigo, teve paciência com meus momentos ruins, e tem andado de mãos dadas comigo desde aquela noite, seis meses atrás, e até hoje continua me dando alegres surpresas.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Verdade


Hoje a flor teve de desabrochar mais uma pétala escondida. Uma pétala feia e doente, que ela quisera nunca ter concebido. No caminho da verdadeira cor, ela precisa mostrar ao mundo suas cores belas e feias, por mais que isso fira seu orgulho vegetal. Por mais que a envergonhe, por mais que a outros decepcione.



"A verdade nos dá o desespero para que não sejamos pretensiosos."

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ah, os grilos...

Só fazendo disso aqui um espaço também de desabafo...

Detesto escrever e não usar metáforas, mas não saberia expressar o sentimento que me sobreveio agora. Hoje, mais uma vez, meu velho espírito conservador andou esperneando, e me fazendo refletir. Apesar de tudo que já vi e vivi, ainda me impressiono e me incomodo com alguns comportamentos que não deveriam ser relevantes.

Acho que é o maldito idealismo, meu lado Feliciana. É, detesto admitir, mas ao mesmo tempo tenho orgulho em dizer que me identifico com ela. Queria tanto ser descolada, e não esperar tanta coisa...
Dividida entre o lado racional e moderninho, e o lado da mocinha que estudou em colégio de freiras e foi criada à moda antiga, ao mesmo tempo me espantam algumas modernidades. É... acho que sou um pouco reacionária...

Eu deveria me acostumar com tanta coisa normal, e não consigo.
Eu deveria não enrubescer em certas ocasiões, mas não consigo.
Eu deveria não ligar para tanta coisa que vejo, mas não consigo.

Ou eu não deveria? E em vez disso, admitir que eu nunca vou aceitar certas coisas. Ah, mas o que fazer quanto a elas?

Eu me imagino aceitando em silêncio.
Imagino o que seria se eu arriscasse perder tudo e questionasse.
E imagino se vale a pena, e se o tudo é tão 'tudo' assim.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Galadriel


" - E agora finalmente ele chega.(...) No lugar do Senhor do Escuro, você coloca uma Rainha. E não serei escura, mas bela e terrível como a Manhã e a Noite! Bela como o Mar e o Sol e a Neve sobre a Montanha! Aterrorizante como a Tempestade e o Trovão! Mais forte que os fundamentos da terra. Todos deverão me amar e se desesperar! Levantou a mão, e do anel que usava emanou uma grande luz que iluminou a ela somente, deixando todo o resto escuro. Ficou diante de Frodo e parecia agora de uma altura incalculável, e de uma beleza insuportável, terrível e digna de adoração. Depois deixou a mão cair, e a luz se apagou; e de repente ela riu de novo e eis então que se encolheu: era uma mulher élfica frágil, vestida num traje simples e branco, cuja voz gentil era suave e triste.




- Passei pelo teste – disse ela – vou diminuir e me dirigir para o Oeste, continuando a ser Galadriel. "

quinta-feira, 11 de março de 2010

Hello there...

Olá, você...
Você que está só de passagem
Você que está sempre com pressa
Você que nunca avisa a hora de chegar ou de sair

Olá, você...
Você que se despede
Você que está hoje e amanhã, não
Você que sai pela porta sem fazer nenhum ruído

Olá, você...
Você que anda ocupado
Você que está sempre apressado
Você que passa pela minha janela como o vento

Olá, você...
Você que hoje cala
Você que não responde
Você que agora eu olho e me pergunto: será você?




quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Kamikaze 神風特攻隊

Incível a capacidade que ela tinha de errar.

Nas tentativas loucas, atirava-se sem pensar no que os pés iriam encontrar, e sempre encontravam o vazio, depois, a queda. Mesmo depois de tantas quedas, os arranhões não lhe ensinavam muita coisa. Ela sempre sabia o que deveria fazer, nunca enganou a si mesma, mas quando a razão lhe falava, ela dava de ombros e trancava aquela sábia rabugenta no quarto mais escuro e distante da mente, de onde saíam ecos fracos, inaudíveis. E, como todas as vezes, ela ignorava tudo o que sabia e saltava. Sentia-se feliz e orgulhosa pela própria coragem, pois achava o máximo poder dizer pra si mesma que arriscava tudo, e seguia sempre o coração. Sim, ela era uma tola, e no fundo o sabia. Porque ela escolhia ser boba, escolhia ignorar tudo o que sabia que era certo, e ela sempre sabia. Ainda assim continuava se atirando, saltava mais e mais alto, mesmo prevendo a queda em vez do vôo. Fingia não saber que não haveria ninguém lá para ampar sua queda e nunca dava ouvidos aos inúmeros avisos que recebia dos amigos, muito menos aos que recebia de si mesma. E errava mais uma vez. E outra. Mais uma vez. Caía mais uma vez. Enquanto sentia dor, mantinha um pouco de sanidade, então vinha o doentio arrependimento. Ela se prometia não mais pular. Fazia promessas que sabia que não iria cumprir. Pois bastava um lampejo, um som, uma cor, e mais uma vez ela se hipnotizava, jogava tudo pro alto, e se preparava para saltar só mais essa vez, uma última vez.